Deberton Filmes
×
×

Crítica de “O Melhor Amigo” por Cid Nader

Filme de Allan Deberton participou até agora em 25 importantes festivais

“Que não dá para negar que o jovem Allan Deberton sabe filmar – ou ordenar os caminhos para seus fotógrafos, que seja –, não dá mesmo. Já desde seu curta anterior, Doce de Coco, que andou angariando fartamente premiações e admiradores por aí – lembro de não ter gostado muito, não – e que tinha tanto apego no bom tomar imagens, nas construções de quadros com adequação de luz e captado rendendo momentos tão corretos, nas transições dos planos… Aqui, tempinhos depois, fazendo um trabalho que ainda se baseia fortemente nas construções ao ar livre, o que sempre demanda mais trabalho e elaboração – algo que pode ser creditado aos infinitos que não impõem barreira, ao não domar da luz solar, às variações ambientais, que tanto podem ser companheiras no bom resultado, quanto “carrascas”, se houver deslizes – do que o que ocorre em ambientes controlados, nota-se que gosta de triscar riscos estéticos, que tem prazer nas possibilidades geradas pelo entorno, na composição de imagens que se darão completas por edições de aspecto seco, mas fluentes entres as partes ajuntadas.

E então chega-se ao caso de amor escondido, de desejo, de vontades de um amigo pelo outro, em momentos de férias, que carrega a história por caminhos delicados, de medos, de ameaças a idas e freios. O diretor elaborou todo um mote em que diversas possibilidades hormonais pululam, em que uma atuação pode parecer tacanha de tão avoado, e em busca de locais de prazeres, parece ser um deles (Victor Souza), enquanto os sonhos e desejos do outro remetem a atuação muito mais crível – no sentido de incômodo quando se bate de frente com interpretações que fogem do padrão naturalista – do outro (Jesuíta Barbosa, que estoura no momento por conta do longa Tatuagem). E então, nota-se que Deberton progrediu, num filme de tanto apuro quanto o anterior, mas que é menos ostensivo/oferecido ao primeiro olhar; num filme que também fala de amor e desejos, mas é menos inocente, tanto quanto destruidor de sonhos e expectativas; num filme em que até a aposta nas atuações contrastantes fazem perceber que encontrou possibilidades maiores e mais interessantes nas variações.

Sendo que ficam grudados na retina os momentos da praia, filmada com total percepção de que se estava ali indo em busca das difíceis variações que a luz chapada do sol teima em não oferecer gratuitamente. “